
A Cruz Vermelha Portuguesa faz hoje 145 anos, mas parece ter menos actividade do que o resto da organização internacional. Estarei mal informada?
A Cruz Vermelha tem sempre uma atitude low profile, não tem uma grande propensão para ser o foco da atenção a nível mediático. E por uma razão óbvia: temos de ter um estatuto de isenção e de independência. A nossa actividade é simplesmente humanitária e essa posição de total neutralidade não é consentânea com a mediatização daquilo que fazemos. Mas posso dizer que estamos presentes em todas as actividades nacionais de natureza social e através das 180 delegações no País, apoiando desde as crianças até aos idosos.
No entanto, essa actividade é divulgada quando há catástrofes internacionais, como aconteceu agora no Haiti.
Isso tem a ver com a própria mediatização desse tipo de catástrofes. A Cruz Vermelha Portuguesa tem estado a apoiar a população do Haiti e temos de nos preparar para os próximos três anos. Recolhemos 800 mil euros junto da população portuguesa.
Mais ou menos solidários que as populações de outros países?
A resposta que os portugueses deram na angariação de fundos para a campanha do Haiti foi muito solidária. Estamos equiparados à Holanda e à Itália, países com mais recursos e população.
Estamos mais solidários, apesar da crise...
Acho que sim.
E estamos mais pobres?
Ou, pelo menos, os orçamentos familiares estão mais reduzidos. Não diria que é uma situação dramática, mas ainda estamos na primeira fase. Acredito que a situação poderá tornar-se dramática no segundo semestre de 2010 se não houver melhorias. As pessoas têm alguns recursos no início do desemprego, mas agravar-se-á se a situação persistir.
E o facto de se estar a desviar dinheiro para o estrangeiro não afecta os apoios para Portugal?
A Cruz Vermelha é uma instituição mundial e se houver uma situação grave estamos em condições de apelar à comunidade internacional.
Com que dinheiro vivem?
Temos um subsídio estatal de 900 mil euros anuais, mas o orçamento advém sobretudo da prestação de serviços, dos donativos de empresas e de campanhas, além do trabalho voluntário, começando pelas direcções.
O que aprendeu nestes cinco anos que está à frente da Cruz Vermelha?
Em termos de gestão tinha a minha experiência de vários anos. Aprendi a olhar para o mundo numa perspectiva realista e a relativizar os meus problemas. Pensar que há milhões de pessoas no mundo em situações humanitárias muito dramáticas.
Solicito ao Exmo. Senhor Dr. Luis Barbosa que, por favor, me informe dum correio electrónico para que eu possa expor um assunto importante e confidencial.
ResponderEliminarMelhores saudações