sexta-feira, 6 de junho de 2008

Notícias: Perfil de Coordenadora da CVP Sobreira

Um dia na vida de ... Marisa Costa
Coordenadora da Delegação da Sobreira da Cruz Vermelha Portuguesa

A Unidade de Socorro no Núcleo da Sobreira da Cruz Vermelha abriu há seis anos, tantos quantos orgulhosamente Marisa Costa tem de casa. Pertencente ao grupo fundador e vizinha da sede da unidade – por protocolo funciona desde sempre na cave do edifício da junta de freguesia – inscreveu-se mal soube da abertura do Núcleo, levada pela “enorme paixão” pela “área da saúde”. Hoje, com 25 anos, está licenciada em Podologia (ver texto anexo) e tem consultórios abertos em Ermesinde e Oliveira de Azeméis, trabalhando ainda para o Instituto de Formação Rodoviária, com sede em Vila Nova de Gaia, onde dá formação no módulo “Primeiros Socorros” a motoristas dos Transportes Colectivos de Crianças. Ainda consegue arranjar tempo para a Cruz Vermelha da Sobreira, onde há cerca de ano e meio exerce as funções de coordenadora da delegação, uma das mais femininas.

Apoios precisam-se


“A primeira paragem (respiratória) foi muito complicada; a pessoa morreu-me nos braços e fartei-me de chorar”

“A presidente é mulher, assim como a coordenadora, quase todas as chefes de grupo e a maioria dos 54 socorristas”, observa. A explicação, misturada com sorrisos, serve para demonstrar a “forma tranquila” como a sua nomeação foi encarada pelos restantes elementos: “Já era adjunta do comando e, sinceramente, não tenho razão de queixa; só nos juramentos é que sobressai mais o facto de ser mulher e exercer funções de chefia”.

Marisa Costa prefere antes destacar os “meios reduzidos” de trabalho – duas ambulâncias de socorro e uma de transporte de doentes – e a luta de sempre para conseguir ter a delegação a funcionar as 24 horas, situação que actualmente se limita ao fim-de-semana. “Precisávamos de outros recursos financeiros para contratar mais dois funcionários – isso seria o número mínimo para estarmos sempre abertos”, confessa, alargando os objectivos à aquisição de uma nova ambulância de transporte de doentes, avaliada em cerca de 40 mil euros.

Para isso são necessários apoios, bem mais do que aqueles que a população da Sobreira e arredores vai dando… cada vez com mais sacrifício. “Nesta zona não há muita indústria e a população tem sido sempre sacrificada; felizmente vão contribuindo, mas, naturalmente, já começam a revelar algum cansaço”.

Socorristas sustentam a casa

E isso tanto se aplica ao pagamento das quotas, como aos tradicionais peditórios ou às restantes iniciativas que o grupo realiza para angariar verbas, como festas, leilões, arraiais ou, mais recentemente, a Juventude Cruz Vermelha. Esta acção realiza-se a cada 15 dias e junta cerca de 70 crianças em actividades diversas. “A direcção ajuda-nos, mas pode dizer-se que são os socorristas que sustentam esta casa”, afirma, com o conhecimento de quem participou na pintura e remodelações do espaço que os socorristas chamam de “segunda casa”.

A expressão casa bem com o tempo que cada voluntário dispensa à causa, com prejuízo das suas vidas familiares e afectivas, em nome do “carácter gratificante que é socorrer as pessoas e ver reconhecido esse trabalho”. “De início a população via-nos mais como um grupo de jovens a brincar às ambulâncias, mas com o trabalho no terreno ganhámos-lhes a confiança e respeito”, garante. Acrescentando: “As pessoas podem estar descansadas e orgulhosas por haver 54 jovens habilitados e dispostos a salvar as vidas dos próximos”. De forma isolada ou em parceria com as corporações de bombeiros, cujas rivalidades Marisa Costa diz “serem coisa do passado” e limitadas a gerações anteriores.

No meio de tantas dificuldades salva-se ainda a capacidade de renovação do corpo activo. “O pior não é angariar mas manter, mas não nos podemos queixar; só não fazemos mais cursos porque isso implica muitos gastos”, insiste.

Núcleo da Sobreira em números:

Número de elementos: 54
Corpo activo: 45
Meios: três ambulâncias
Horário de funcionamento: das 20 às 8 horas (2.ª a 5.ª) e 24 horas (6.ª a 2.ª)
Requisitos para socorrista: ter mais de 16 anos; frequência com aproveitamento do curso (mínimo de 35 horas); gosto e disponibilidade.

Impressões

Nome: Marisa Costa

Idade: 25 anos (22/10/1982)

Naturalidade: Sobreira, Paredes

Residência: Sobreira, Paredes

Estado Civil: Solteira

Podologista e formadora em primeiros socorros

Marisa Costa é uma apaixonada pelas questões da saúde. Em seu nome ingressou na Cruz Vermelha (Núcleo da Sobreira) e pensou seguir medicina, acabando, depois, como opção mais consentânea com a sua média do secundário, por se candidatar a enfermagem. Mas seria a terceira opção (Curso de Podologia na CESPU, em Gandra) a prevalecer, vencida a ideia inicial de sacrificar um ano para, depois, pedir transferência. Terminou o curso há três anos e ficou sete meses sem fazer nada, antes de investir em sociedade com uma colega em dois consultórios. A podologista, já conquistada pela profissão, denuncia a tendência das pessoas para deixarem agravar os problemas associados ao pé, como as unhas encravadas ou, mais grave ainda, nos casos do pé diabético. “As pessoas relaxam muito, porque na maior parte do tempo os pés estão escondidos”, sustenta, recomendando cuidados com a “higiene” e a “escolha do calçado”. “Todos os pés são diferentes mesmo quando se calça o mesmo número, ainda assim as mulheres preferem sofrer a trocar o calçado bicudo”, lembra.

Paralelamente a esta actividade, dá formação em “Primeiros Socorros” no Instituto de Formação Rodoviária. Os seus formandos são motoristas dos transportes colectivos de crianças, a quem ensina o básico em matéria de suporte básico de vida, posição lateral de segurança, situações de engasgamento e as fases de socorro. “As pessoas não têm noção de que também integram esta cadeia de socorro”, observa, alertando ainda para os “poucos conhecimentos”, sobretudo, dos seus interlocutores, mesmo nos casos em que participaram em cursos de primeiros socorros. “Tenho de me sentir privilegiada por dar um módulo que não é uma seca, como eles dizem, realçando ainda o interesse que eles revelam na aprendizagem”, afirma, estendendo o desejo de ver estes ensinamentos chegar a todos os sectores da sociedade, mormente aos estabelecimentos de ensino.

in.: www.verdadeiroolhar.pt

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