[Desculpem o off-topic, mas há atitudes que simplesmente me irritam...]13 Maio 2008 - 10h00
Saúde: Tripulações das ambulâncias apenas com médicos e enfermeiros
Os bombeiros tripulantes de ambulâncias de emergência (TAE) sentem-se "excluídos e deitados ao lixo" por terem sido afastados das suas funções "sem uma explicação". Um dos casos passa-se com cinco soldados da paz que estiveram dez anos ao serviço da viatura médica de emergência e reanimação (VMER) no Hospital da Figueira da Foz.'No fim de Abril, fomosinformados pelo hospital de que, por imposição do INEM, a partir de Maio não podíamos trabalhar na VMER', diz Paulo Antunes, um dos bombeiros, adiantando que não foi dada 'qualquer justificação'. Agora, o socorro é feito apenas por médicos e enfermeiros.
Segundo o INEM, 'a decisão tem em vista assegurar a maior diferenciação técnica possível das equipas das VMER'.
Para José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, os bombeiros são 'inaptos', 'ignorantes', 'totalmente dispensáveis e inúteis no momento e conjuntura actuais' .
'Temos experiência, conhecemos o terreno. Por que nos dispensaramassim?',questiona Carlos Castela, TAE há 15 anos, frisando: 'Se o INEM se isolar dos bombeiros perde o maior parceiro ao nível de emergência pré-hospitalar do País.'
'Aofimdedez anos de dedicação, a vestirafardado INEM, fomos colocados no lixo. Merecíamos ao menos uma palavra', acrescenta António Barbosa, que é TAE há 12 anos.
'É frustrante. Tenho trinta anos de Bombeiros, estudei, li, tenho conhecimentos e agora alguém me vem dizer que já não sirvo!', lamentaPauloAntunes.'Perdem-se grandes equipas', conclui o seu colega Carlos Luís.
DISCURSO DIRECTO
'PROFUNDA INDIGNAÇÃO' Duarte caldeira, Presidente Liga dos Bombeiros Portugueses
Correio da Manhã – Como vê esta situação?
Duarte Caldeira – Vejo com profunda indignação que desrespeitem dezenas de homens e mulheres como se fossem um produto descartável. É uma obrigação do INEM, que dispensou essas pessoas, justificar por que o fez.
– Os tripulantes das ambulâncias de emergência trabalham sem qualquer vínculo laboral. Como evitar esta precaridade?
– Deve ser conferido aos tripulantes um estatuto e uma carreira para evitar a instabilidade a que se assiste. Os bombeiros são vítimas de si próprios por aceitarem esta situação, na expectativa de que as coisas melhorem.
– Como classifica as observações feitas sobre os bombeiros pelo presidente do Sindicato dos Enfermeiros?
– Não quero fazer grandes comentários, mas esse discurso revela cegueira corporativa.
PORMENORES
'DIFERENÇAS'
Na Figueira da Foz, um tripulante fazia trinta turnos de oito horas e recebia seis euros por cada hora. Já um enfermeiro, prestando um serviço idêntico, recebe 16 euros por hora.
'MARTELADOS'
O Sindicato dos Enfermeiros considera que, 'se há alguém que deve estar no desemprego serão os voluntários dos bombeiros, quando feitos enfermeiros martelados e não os enfermeiros autênticos'.
ESPECIALISTAS
Segundo o INEM, a existência destes tripulantes era, já no início do ano, 'uma prática residual, verificada em apenas seis das 40 VMER. A situação foi rectificada porque a tripulação tem de ter um médico e um enfermeiro'.
Cátia Vicente
in: www.correiomanha.pt