Cruz Vermelha Portuguesa
Os não doutores que podem salvar vidas
10 | 02 | 2010 09.58H
Não são "doutores”, mas muitas vezes o seu trabalho faz a diferença para quem pede ajuda. Andam bem acima dos limites de velocidade e às vezes manter o distanciamento emocional é difícil. Carla e Nuno são tripulantes de ambulância de socorro da Cruz Vermelha Portuguesa.
[Texto de Marco Lopes da Silva]
O turno começou às 09:00 e a primeira chamada surge uma hora depois. "Temos um serviço", informa Carla. O pedido é do INEM, mas foi canalizado para uma das equipas de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa.
As sirenes fazem soar a urgência de chegar ao Lumiar. Os carros vão-se desviando, mas nem sempre é fácil passar. O número 73 D da Estrada da Torre é o primeiro destino do dia, onde uma mulher de 65 anos passou mal a noite.
"Às cinco da manhã começou a vomitar e a tremer. Agora nem se consegue levantar da cama, mas não queria que ligássemos para o 112", começa por contar o genro, apontando que a sogra é diabética e automedica-se.
Lá dentro, Carla e Nuno verificam os parâmetros vitais da doente, a pressão arterial e questionam-na sobre antecedentes médicos. Decidem levá-la para o hospital de Santa Maria.
"As melhoras!", gritam as vizinhas ainda em camisa de noite e roupão.
Durante o caminho, Nuno explica os procedimentos habituais: começa por comunicar à central o transporte da doente.
"Com doentes a bordo não se deve utilizar as sirenes. O doente pode estar estabilizado e pode ficar enervado. Dá-se só uns toques quando é preciso passar ou quando chegamos a um cruzamento", explica.
Enquanto Carla "entrega" a doente ao hospital, Nuno fica à porta a fumar um cigarro.
"É preciso ter perfil para fazer isto. Fazem-nos testes para saberem se estamos preparados para lidar com situações de emergência. Caso contrário, vamos para a logística", explica.
As equipas de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa respondem a qualquer tipo de chamada, tanto a nível particular, como do 112. Estão ainda preparadas para acudir a pedidos da Proteção Civil e de outros organismos da área de emergência.
"É sempre gratificante, mas penso que é mais gratificante para a pessoa que tem o acidente”, afirma Carlos Falcão, coordenador local do centro operacional de emergência da CVP.
Carla tem 34 anos e desde os 18 faz do socorrismo o seu dia a dia. Presta os primeiros socorros e, em caso de necessidade, pede apoio médico ao INEM.
"Se for uma situação de paragem cardio-respiratória, que é o mais grave que podemos encontrar, fazemos o suporte básico de vida. Avaliamos os doentes, posicionamos, colocamos oxigénio e em situações de feridas controlamos hemorragias", conta.
Reconhece que é uma profissão "gratificante" todos os dias, mas que às vezes termina o turno "um pouco mais em baixo".
"No dia a seguir vai haver certamente algo para nos animar", diz, acrescentando: "É difícil distanciarmo-nos emocionalmente, mas temos de o fazer".
A alta velocidade a que circulam implica riscos, sobretudo quando os outros condutores estão mais desatentos. Carla e Nuno já capotaram numa ambulância, a descer a avenida Almirante Reis.
Carla ficou inconsciente e com um traumatismo craniano, mas no dia seguinte já estava a trabalhar, mesmo "com dores".
Perto do meio-dia, recebem mais um pedido de auxílio encaminhado pelo INEM, desta vez para Benfica, para socorrer um homem de 74 anos.
"Diga-nos lá o que se passa com ele?", pergunta Carla. "Está com muitas dificuldades em respirar”, responde a mulher.
"Ainda me morre aqui em casa e eu não consigo fazer nada. Obrigado doutor", acrescenta, visivelmente emocionada.
"Tratam-nos sempre por doutores, mas nós não somos médicos", lembra Nuno.
A socorrista tenta comunicar com o doente, que parece não responder a qualquer estímulo.
"Como é que se chama?...Tem de se manter acordado!...Vamos ao médico, está bem", pergunta Carla.
in.:www.destak.pt
[Texto de Marco Lopes da Silva]

O turno começou às 09:00 e a primeira chamada surge uma hora depois. "Temos um serviço", informa Carla. O pedido é do INEM, mas foi canalizado para uma das equipas de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa.
As sirenes fazem soar a urgência de chegar ao Lumiar. Os carros vão-se desviando, mas nem sempre é fácil passar. O número 73 D da Estrada da Torre é o primeiro destino do dia, onde uma mulher de 65 anos passou mal a noite.
"Às cinco da manhã começou a vomitar e a tremer. Agora nem se consegue levantar da cama, mas não queria que ligássemos para o 112", começa por contar o genro, apontando que a sogra é diabética e automedica-se.
Lá dentro, Carla e Nuno verificam os parâmetros vitais da doente, a pressão arterial e questionam-na sobre antecedentes médicos. Decidem levá-la para o hospital de Santa Maria.
"As melhoras!", gritam as vizinhas ainda em camisa de noite e roupão.
Durante o caminho, Nuno explica os procedimentos habituais: começa por comunicar à central o transporte da doente.
"Com doentes a bordo não se deve utilizar as sirenes. O doente pode estar estabilizado e pode ficar enervado. Dá-se só uns toques quando é preciso passar ou quando chegamos a um cruzamento", explica.
Enquanto Carla "entrega" a doente ao hospital, Nuno fica à porta a fumar um cigarro.
"É preciso ter perfil para fazer isto. Fazem-nos testes para saberem se estamos preparados para lidar com situações de emergência. Caso contrário, vamos para a logística", explica.
As equipas de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa respondem a qualquer tipo de chamada, tanto a nível particular, como do 112. Estão ainda preparadas para acudir a pedidos da Proteção Civil e de outros organismos da área de emergência.
"É sempre gratificante, mas penso que é mais gratificante para a pessoa que tem o acidente”, afirma Carlos Falcão, coordenador local do centro operacional de emergência da CVP.
Carla tem 34 anos e desde os 18 faz do socorrismo o seu dia a dia. Presta os primeiros socorros e, em caso de necessidade, pede apoio médico ao INEM.
"Se for uma situação de paragem cardio-respiratória, que é o mais grave que podemos encontrar, fazemos o suporte básico de vida. Avaliamos os doentes, posicionamos, colocamos oxigénio e em situações de feridas controlamos hemorragias", conta.
Reconhece que é uma profissão "gratificante" todos os dias, mas que às vezes termina o turno "um pouco mais em baixo".
"No dia a seguir vai haver certamente algo para nos animar", diz, acrescentando: "É difícil distanciarmo-nos emocionalmente, mas temos de o fazer".
A alta velocidade a que circulam implica riscos, sobretudo quando os outros condutores estão mais desatentos. Carla e Nuno já capotaram numa ambulância, a descer a avenida Almirante Reis.
Carla ficou inconsciente e com um traumatismo craniano, mas no dia seguinte já estava a trabalhar, mesmo "com dores".
Perto do meio-dia, recebem mais um pedido de auxílio encaminhado pelo INEM, desta vez para Benfica, para socorrer um homem de 74 anos.
"Diga-nos lá o que se passa com ele?", pergunta Carla. "Está com muitas dificuldades em respirar”, responde a mulher.
"Ainda me morre aqui em casa e eu não consigo fazer nada. Obrigado doutor", acrescenta, visivelmente emocionada.
"Tratam-nos sempre por doutores, mas nós não somos médicos", lembra Nuno.
A socorrista tenta comunicar com o doente, que parece não responder a qualquer estímulo.
"Como é que se chama?...Tem de se manter acordado!...Vamos ao médico, está bem", pergunta Carla.
in.:www.destak.pt
1 comentário:
Mas isto foi a quanto tempo? É que o COE já á muito que não faz emergencia so uma de vez em quanto.
É pena porque temos lá grandes socorristas como estes que falam no post.
Abraço Nuno.
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