sexta-feira, 11 de junho de 2010

Notícias: Exclusão da CVP da condecorações não caiu bem junto dos seus voluntários.


Foi com alguma tristeza que as fileiras da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) receberam a decisão da Presidência da República de condecorar três corporações de bombeiros, as duas do Funchal e a da Ribeira Brava, pelo trabalho desenvolvido no apoio e socorro às pessoas afectadas pelo temporal de 20 de Fevereiro.
"Apregoa-se o voluntariado e a solidariedade e não se reconhece o empenho dado a tais causas quando se tem a oportunidade", questiona o enfermeiro Tito, um dos voluntários da CVP que desde o primeiro momento esteve no terreno a ajudar famílias atingidas pela intempérie que se abateu sobre a Madeira naquele fatídico dia. Fazendo questão de sublinhar o carácter pessoal das suas considerações sobre esta questão, e não como voluntário da CVP, o enfermeiro pergunta ainda como é que se pode esquecer os agentes da PSP, os escuteiros, os militares e muitos outros cidadãos anónimos que no dia da tragédia, e nos seguintes, "deram muito de si, arriscando inclusive a vida, em algumas situações, para ajudar o próximo".
"Acho que esta seria a ocasião perfeita para reconhecer o empenho destas pessoas como um todo", acrescentou, lembrando, contudo, que "muitos colegas da Cruz Vermelha solicitaram dispensa no trabalho ou faltaram às aulas para poder ajudar quem deles mais precisava".
Quem também assegura ter ajudado sem estar à espera de qualquer reconhecimento, fosse este a título pessoal ou institucional, é Alberto Gouveia, um ex-voluntário da Coluna de Socorro Henry Dunant (da CVP) que a 20 de Fevereiro e seguintes não conseguiu ficar de braços cruzados durante o seu tempo livre e até profissional.
"É importante referir que os voluntários da Cruz Vermelha Portuguesa não desempenham as suas funções à espera de qualquer medalha ou condecoração", sublinha, mas "é pena que neste 10 de Junho não haja um reconhecimento a estes homens e mulheres que deram tanto de si, deixando os seus trabalhos e famílias para segundo plano" para ajudar.
Diplomático, o presidente CVP, coronel Ramiro Morna prefere dizer: "Honrarias e mercês nunca se solicitam nem agradecem".
Para o responsável da Cruz Vermelha Portuguesa na Madeira, não vale a pena "discutir critérios de justiça. Se tivessem dado, obrigado - embora não seja preciso agradecer. Não deram, paciência". Mas, acrescentou, "estamos tranquilos com a nossa consciência quanto ao serviço que prestámos".
Instado a comentar se tem notado algum descontentamento entre os elementos que integram as fileiras da Coluna, Ramiro Morna 'escudou-se' numa resposta que já é seu hábito proferir: "São assuntos internos".
A escolha, recorde-se, foi decidida com base numa lista enviada ao Palácio de Belém pelo Representante da República para a Madeira, a qual, por sua vez, segundo o DIÁRIO apurou, resultou de uma auscultação realizada por Monteiro Diniz junto do presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, e do presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque.

In.::Diario de noticias

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta situação não é de estranhar, se a nossa própria Instituição proíbe o uso de condecorações aos voluntários que as têm, para quê receber?